Nos seus mais de 100 anos de história, o Fla-Flu viveu nesta quinta-feira uma situação inédita. Mesmo com a vaga à decisão da Taça Guanabara em jogo no Maracanã, o futebol estava em segundo plano. Após apenas seis dias da tragédia no Ninho do Urubu, os rivais se enfrentaram em confronto que teve emoção dentro e fora de campo. Nas arquibancadas, as torcidas deram um show de solidariedade. Dentro das quatro linhas, o Fluminense marcou nos acréscimos para bater o Flamengo por 1 a 0 e avançar à final desta fase do Campeonato Carioca.
Em meio ao clima de comoção pelos 10 mortos no alojamento da base do Flamengo, na última sexta-feira, quem celebrou no fim foi o Fluminense. Com o resultado, o time tricolor vai decidir o título da Taça Guanabara neste domingo, diante do Vasco, novamente no Maracanã.
As homenagens foram muitas antes da partida. A torcida flamenguista estendeu bandeiras, cada uma com o rosto de uma vítima da tragédia. O Fluminense entrou em campo com camisas com os nomes das vítimas, que também estamparam as costas das camisas de jogo do Flamengo.
O clima das arquibancadas, porém, não se repetiu em campo. Se no décimo minuto da partida a torcida aplaudiu e acendeu as luzes dos celulares para embelezar o espetáculo, nas quatro linhas os jogadores protagonizaram um primeiro tempo bastante decepcionante. Não bastasse a falta de inspiração de ambas as equipes, as muitas discussões e entradas mais duras – foram cinco cartões amarelos nos primeiros 45 minutos – contrastaram com o clima de solidariedade.
O Fluminense até ficou mais com a posse, bem ao seu estilo, mas as duas únicas chances foram rubro-negras. Aos 14 minutos, Gabriel arrancou em rápido contra-ataque e encontrou Bruno Henrique, que finalizaria de frente para o gol se não fosse a travada de Airton. Já aos 29, Everton Ribeiro cobrou escanteio da esquerda e encontrou Rhodolfo, que cabeceou completamente livre, exigindo ótima defesa de Rodolfo.
Para o segundo tempo, o Flamengo mudou de postura e não aceitou deixar a posse com o adversário. Apertou a marcação e tentou minar a saída de bola tricolor, mas deixou espaços na defesa. Aos 14 minutos, Everaldo encontrou Yony González e Diego Alves precisou trabalhar pela primeira vez. Aos 17, porém, a pressão surtiu efeito, Marlon pisou na bola e Bruno Henrique teve a chance, que jogou para fora.
Aos poucos, o jogo foi ganhando em emoção e qualidade. Aos 23, Everaldo e Yony González tocaram de letra e encontraram Luciano, que bateu rente à rede. Pouco depois, o mesmo Luciano aproveitou sobra na área, dominou na coxa e chutou com perigo.
Fernando Diniz colocou o Fluminense todo à frente com a entrada de Marcos Calazans, e o time tricolor tomou o campo de ataque. Não conseguia, no entanto, furar o bloqueio do Flamengo, que deixou ainda mais claro o plano de jogar pelo contragolpe. Em um deles, aos 37, Gabriel chegou a ficar no mano a mano com Digão e chutou em cima de Rodolfo.
Quando o empate parecia certo, o Fluminense chegou à vitória aos 47. Arrascaeta errou na tentativa de sair jogando pelo meio, Yony González foi acionado pela esquerda e cruzou para o meio, onde Luciano finalizou cruzado. A festa mudou de lado, e a classificação ficou com o “time de guerreiros”, como saudou a torcida após o apito final.